Brazilian Black Belt

 

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Jiu Jitsu é um idioma 

Posted by Felipe Costa Jul 03, 2017 Categories: BJJ Felipe Costa Jiu Jitsu Motivational

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Em 2003, depois de me tornar

Campeão Mundial na faixa preta, fui convidado a passar 3 meses nos EUA dando aula. Fui pela experiência, pela viagem e para reciclar meu inglês. Não tinha pretensões profissionais.  

 

Voltei da viagem com sonho de viver do JiuJitsu, mas sempre procurei ter uma visão realista das coisas e, pesando os prós e contras, estimei que conseguiria viver ensinando pelo mundo por cerca de 10 anos ( tempo médio para se tornar um faixa preta), depois disso teria que dar outro rumo a minha vida. 

 

Me dei conta esses dias que falhei na minha previsão, já se passaram bem mais que uma década (gulp - eu engolindo seco rs).

 

Por que um país que ajudei a formar vários graduados, que hoje tem suas próprias academias e inclusive me ensinam aos montes quando visito, continuaria me convidando se não apenas pela amizade formada?

 

Suponho, sem maiores pretensões, que continuo sendo convidado para seminários não para ensinar técnicas de JiuJitsu, essas já não são segredos como outrora, mas sim pelo interesse na minha forma de entender e aplicar as técnicas. São as combinações e a forma como consigo fracionar as sequências que geram o interesse. 

 

Se as técnicas da luta corpo a corpo fossem letras, cada letra representando um movimento ou controle e isso fosse o que eu ensinasse, depois de ensinado o alfabeto, meu estoque acabaria. 

Mas ensino um idioma, ensino o JJ Brasileiro. 

Eu não ensino letras. Ensino como as combino em minha mente para então formar palavras e consigo soletrar cada letra delas, de maneira simples, onde todos possam entender.

Por isso entendo que o professor não pode perder a motivação de treinar, o treino é o bate papo, onde novas frases se formarão de acordo com as circunstâncias, sejam elas limitações físicas ( contusões, idade, etc), estilos de luta dos "oponentes", regras (sem tempo, com pontos, até finalizar etc) e outros. 

 

felipe costa

Depois de 5 meses recuperando de uma cirurgia, voltei a treinar com muitas limitações, tanto da lesão como na questão de resistência física, sem entrar no detalhe de desânimo que isso gera e até mesmo no exercício de controlar o ego. Essas limitações me forçaram a combinar algumas técnicas que me possibilitassem a ter algum êxito durante meus treinos. 

A combinação não saiu de imediato, mas com ajustes foi melhorando. 

Hoje ainda não estando 100%, mas já melhor da lesão, consigo fazer essa combinação de maneira mais eficiente, pois não há o fator "dor" que é muito limitante. 

 

Meu último seminário foi inteiro baseado nessas "frases" que formei para driblar minha limitação. 

Posso dizer que inventei algo? Não sei, acho que não. Meu mérito talvez seja a criatividade e visão de perceber essas combinações. Combinações essas que pode ter ou ser percebidas por outras pessoas do outro lado do mundo e podem formar até outro idioma, que  não o JJ Brasileiro, mas outra "luta agarrada". 

 

Ao fim do meu seminário, um aluno veio comentar que não sabia que eu tinha aquele conhecimento de Wrestling. Eu ri sem entender e disse que o meu conhecimento nessa área era limitado, ele ficou surpreso e disse que as técnicas que eu havia mostrado tinha muitos detalhes da luta e me mostrou formas de derrubar o adversário usando os mesmos controles. Fiquei maravilhado!

Idiomas diferentes ( modalidades) formados pelas mesmas letras  (técnicas), tendo suas combinações ou criações feitas de acordo com suas necessidades, influências culturais e regras. 

 

Procure aprender as palavras, as frases, os idiomas e não apenas as letras. Se cerque de pessoas com vocabulário vasto, entenda a combinação e certamente sua evolução será grande.

 

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Os super heróis do Jiu-Jitsu 

Posted by Felipe Costa May 05, 2017 Categories: BJJ Jiu Jitsu steroids
Os super heróis do Jiu-Jitsu
 
Desde crianças aprendemos a amar e idolatrar os super heróis, ainda pequenos sem termos a capacidade de diferenciar a fantasia da realidade, transferimos desses heróis o sonho de voar, subir pelas paredes , andar em teias de aranha, termos força infinita e outros poderes sensacionais. Ainda pequenos pensamos que nós mesmos podemos realizar esses feitos e temos certeza absoluta que nossos pais o realizam.
 
Com o passar do tempo e a perda da inocência, aprendemos que esses poderes não existem e conseguimos separar perfeitamente o fictício da realidade e as pessoas, às vezes com melancolia, aceitam que todos esses poderes fantásticos podem seguir apenas na imaginação, nas telas do cinema.
 
Aprendemos então a admirar feitos extraordinários realizados por pessoa sem super poderes (que são todas),pois imaginamos que se aquela pessoa conseguiu bater aquele recorde, saltar daquela distância, vencer aquele obstáculo, aquela luta ou atingir aquela altura, significa que, se nós estivéssemos em circunstâncias similares, com os estímulos corretos, talvez poderíamos fazer o mesmo. Foi alguém da nossa espécie que fez aquilo ali e por isso é bom sonhar que talvez poderíamos fazer o mesmo.
 
Em geral, esses feitos são relacionados ao esporte, seja amador ou profissional e TODOS que seguem esse caminho sonham em se tornar o melhor, pois se identificam como sendo da mesma espécie ( e são) daquele que atualmente faz feitos incríveis, logo, pela lógica do parágrafo anterior, “se somos da mesma espécie, potencialmente podemos fazer as mesmas coisas”. Ao dar sequência nos treinamentos que o tornarão especialistas do esporte escolhido, começam a perceber que o que torna aquele grande atleta um fenômeno, um “herói” são atitudes que nenhum personagem fictício precisa passar, é sacrifício diário, não desistir na primeira dor, levantar quando se esta cansado, deixar o ego de lado e passar por inúmeras decepções e derrotas para só então conseguir atingir a perfeição.
 
A verdade nua e crua é que pouquíssimos estão dispostos a pagar esse preço e para piorar e dificultar o processo, desses pouquíssimos, muitos , ainda assim não atingirão o nível que sonham e ao se dar conta disso, a maioria desiste ou muda o direcionamento do que almeja atingir, estipulando metas mais próximas de sua realidade, mas nem por isso, menos louváveis.
 
Existem os que se negam a aceitar suas limitações e estão dispostos a qualquer coisa para atingir aquela áurea de super Herói, esses aceitam caminhos ilegais e imorais para tentar atingir o ápice, muitas vezes usando drogas para melhorar a performance, recuperar do cansaço dos treinos, ganhar força, perder peso, ganhar peso etc. Alguns nunca serão descobertos, pois sabem driblar os métodos para descobrir isso e frequentemente recebem ajuda de especialistas, mas vira e mexe alguém é pego.
 
lutadores de jiu jitsu que cairam no anti doping bomba
 
Quando alguém é pego, as reações variam muito, existem os que ficam quietos, pois simplesmente também fazem e morrem de medo de no futuro serem eles os descobertos (mesma lógica do político que rouba e se cala ou defende sutilmente o outro político que é descoberto) e existem os que se negam a ver a realidade e continuam apoiando o atleta, pois deixar de apoiá-lo seria como admitir que foi enganado e que toda admiração pelos feitos daquela pessoa fossem pelo ralo e pior, no fim, admitir que não seria capaz de repetir aqueles feitos, pois estavam além das capacidades humanas, pois foram conquistados com artifícios sobre humanos.
Por fim, registro que meus heróis do esporte são aqueles que pensam em desistir todos os dias, mas encontram força para encarar mais um treino, mais uma derrota, mais uma temporada e no final, às vezes ganham, às vezes perdem, mas fazem tudo que podem naquele momento para atingir o máximo que um ser humano pode. E quando eu olho isso, tenho orgulho e penso que se eu estivesse em circunstâncias similares, com estímulos corretos, talvez poderia fazer o mesmo, pois somos humanos, apenas humanos.
 
 
*Escrito por Felipe Costa (faixa preta, Campeão Mundial de Jiu-Jitsu)
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The super heroes of Jiu-Jitsu 

Posted by Felipe Costa May 05, 2017 Categories: BJJ Jiu Jitsu steroids
The super heroes of Jiu-Jitsu
 
Since a young age we are learn to love and worship superheroes; even more so without having the ability to differentiate fantasy from reality, we get from them the willingness to fly, climb up the walls, hang from spider webs, have infinite strength or have any other wonderful powers. When we are children, we believe we can do all these things and strongly be certain that our parents have done it or are doing it already.
 
As time passes and we lose our innocence, we learn that those powers are non-existent and we are able to separate up to the point of perfection, fantasy from reality. Most people, sometimes with a bit of melancholy, accept that all of those wonderful powers belong to our imagination and in the movie screens.
 
We learn to admire those who achieve incredible goals (without the need of superpowers); we guess that if that particular person managed to obtain a record by jumping long distances, defeating obstacles, winning fights or climbing really high, it means that, if it were us in similar circumstances, with the right amount of stimulus, maybe we could achieve that too.
 
Actually, all those accomplishments are linked to sports, whether amateur or professional. Further, EVERYBODY who follows that path dream of becoming the best version of themselves, because they see themselves as someone from the same species of that sportsman (and they are). That specie that is able to achieve amazing things, so, following the previous logic, “if we are all from the same species, we have the potential to do the same things”. Subsequently, during the training sessions that will make them specialists in the chosen sport, they begin to grasp that what makes an athlete a “hero” is his or her attitudes while undergoing circumstances that normally superheroes do not go through. For instance, daily sacrifice, not giving up while facing pain, getting up even when you are tired, leaving ego aside and bearing through innumerous deceptions and defeats in seek of perfection.
 
The naked and raw truth is that very few people are willing to pay the price. In addition, to make the process even more arduous, out of those few, even less will achieve the level of perfection they so eagerly desire. So, when realizing of this, most people give up or change directions, setting goals in accordance to their reality, but, nevertheless, praiseworthy.
 
bjj black belts caught using steroids
 
There are those who refuse to accept their limitations and are willing to do anything in order to earn that superhero aura. Those are the ones willing to take illegal and immoral roads to get to the top. A lot of times using performance enhancing drugs that will allow them to recuperate faster from training, gain strength or lose weight more rapidly, etc. Some of them may never be discovered, because they know how to bend the rules and are well assessed, but sometimes, someone is caught red-handed.
 
When that happens, reactions vary from those who remain quiet to those who refuse to see the reality and still side with the athlete. The first ones may do so because they are also using enhancing drugs and are actually fearful of been caught as well (same logic applies to that whom steals and remains silent, or slightly defends another politician that has been exposed). While the second one’s logic is that to not support the competitor would translate into admitting they were deceived and that all of their admiration for that person fell down the gutter. What is worst, they would have to realize that those amazing prowess may not be reproduced because, at some point, they were always beyond the human abilities, they were achieved through artificial trickery.
 
As far as I am concerned, my sport related superheroes are those who have thought about giving up every day, but have found the strength to face one more training session, and at the end, sometimes they would win, sometimes they would lose.
 
Nevertheless, they always did everything humanly possible to reach their highest. When I see that, I feel proud and I think that if I were in similar circumstances, with the right stimulus, maybe I could reach that high, because after all we are human been, simply humans.
 
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Written by Felipe Costa (Black Belt World Champion)
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