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Brazilian Jiu-Jitsu is a language  

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In 2003, after becoming a Black Belt World Champion, I was invited to spend 3 months teaching in the EUA. I decided to go because of the experience, the chance to travel and to be able to dust off my English. I had not professional expectations whatsoever.

I came back from that trip wanting to make a living from Jiu Jitsu, but always keeping a realistic outlook of things. When weighing off the pros and cons, I deduced I could profit from teaching Jiu Jitsu around the world for a maximum of 10 years  (that is the average time it takes a person to get their black belt). After that time, I knew I would have to have to choose another life path.

felipe costa jiu jitsu ohio

 

Today, I realize it’s been over a decade since I came to that conclusion (GULP! – swallowing hard)

So, why would a country I helped train several graduates, whom now have their own academies and teach me so much every time I visit, still invite me over if not for the friendship built throughout the years?

I would dare to assume, without sounding pretentious, that I still get called to teach seminars not because of my Jiu Jitsu techniques – those are hardly a secret now, but because of the way I understand and apply the techniques. It’s the different combinations and the way I can fraction the sequences that up to this day raise  an  interest.

 

If grappling techniques were letters (each of those letters representing a movement or a grip), after teaching the alphabet, I would be left with nothing else to teach. 

What I teach is a language, the Brazilian JJ language. What I teach are not just letters, but a combination to create words, and the way I do that is by spelling them so that everyone can understand.

That is why a teacher can never lose his motivation to spar. Because Sparring is the moment every instruct has to apply those learnt words; to create new phrases under different circumstances, physical limitations (injuries, age, etc.),fighting style of the “opponent”, rules (no time, with points, fight until someone is submitted, etc.)

 

After a 5-month recovery period from my surgery, I went back to training with a lot of physical and mental limitations from undergoing a complex medical procedure and, consequently, the lack of stamina. Needless to say the negative impact a long term recovery can have on someone’s motivation to the point of having to exercise a control on one’s ego. 

Combinations would not come into my mind immediately, but with several adjustments and time, I was certainly getting there. At present, I am not 100% recuperated, but I am better. I can manage to combine more efficiently, due to having less “pain” as a limiting factor. 

My last seminar was based entirely on those new “phrases” I had to create to dribble with my limitations at that time. 

Can I say I invented/created something new? I am not sure, I don’t think so. My virtue may be reflected on my creativity trait and  the way I can perceive combinations. Same combinations that may be perceived by others across the world to create a whole new “grappling” language other than Brazilian JJ. 

At the end of my last seminar, a student came to me and said he was not aware of my wrestling knowledge. I laughed in disbelief replying that my expertise in that area was limited. He was surprised of my answer because he saw my grips were highly rich on wrestling details. Further, he showed me some  takedowns using the very same grips I had previously taught. I was marveled! 

Different languages (modality) may be created by the same letters (techniques), with diverse combinations in accordance to each particular need, cultural influence, and rules. 

Seek to learn the words, the phrases, the languages, and not just the letters. Surround yourself with people who holds a vast vocabulary, understands the combinations, and most certainly, your evolution will be grand.

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Posted by Felipe Costa Jul 03, 2017 Categories: Felipe Costa Gracie Jiu Jitsu Motivational

Jiu Jitsu é um idioma 

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Em 2003, depois de me tornar

Campeão Mundial na faixa preta, fui convidado a passar 3 meses nos EUA dando aula. Fui pela experiência, pela viagem e para reciclar meu inglês. Não tinha pretensões profissionais.  

 

Voltei da viagem com sonho de viver do JiuJitsu, mas sempre procurei ter uma visão realista das coisas e, pesando os prós e contras, estimei que conseguiria viver ensinando pelo mundo por cerca de 10 anos ( tempo médio para se tornar um faixa preta), depois disso teria que dar outro rumo a minha vida. 

 

Me dei conta esses dias que falhei na minha previsão, já se passaram bem mais que uma década (gulp - eu engolindo seco rs).

 

Por que um país que ajudei a formar vários graduados, que hoje tem suas próprias academias e inclusive me ensinam aos montes quando visito, continuaria me convidando se não apenas pela amizade formada?

 

Suponho, sem maiores pretensões, que continuo sendo convidado para seminários não para ensinar técnicas de JiuJitsu, essas já não são segredos como outrora, mas sim pelo interesse na minha forma de entender e aplicar as técnicas. São as combinações e a forma como consigo fracionar as sequências que geram o interesse. 

 

Se as técnicas da luta corpo a corpo fossem letras, cada letra representando um movimento ou controle e isso fosse o que eu ensinasse, depois de ensinado o alfabeto, meu estoque acabaria. 

Mas ensino um idioma, ensino o JJ Brasileiro. 

Eu não ensino letras. Ensino como as combino em minha mente para então formar palavras e consigo soletrar cada letra delas, de maneira simples, onde todos possam entender.

Por isso entendo que o professor não pode perder a motivação de treinar, o treino é o bate papo, onde novas frases se formarão de acordo com as circunstâncias, sejam elas limitações físicas ( contusões, idade, etc), estilos de luta dos "oponentes", regras (sem tempo, com pontos, até finalizar etc) e outros. 

 

felipe costa

Depois de 5 meses recuperando de uma cirurgia, voltei a treinar com muitas limitações, tanto da lesão como na questão de resistência física, sem entrar no detalhe de desânimo que isso gera e até mesmo no exercício de controlar o ego. Essas limitações me forçaram a combinar algumas técnicas que me possibilitassem a ter algum êxito durante meus treinos. 

A combinação não saiu de imediato, mas com ajustes foi melhorando. 

Hoje ainda não estando 100%, mas já melhor da lesão, consigo fazer essa combinação de maneira mais eficiente, pois não há o fator "dor" que é muito limitante. 

 

Meu último seminário foi inteiro baseado nessas "frases" que formei para driblar minha limitação. 

Posso dizer que inventei algo? Não sei, acho que não. Meu mérito talvez seja a criatividade e visão de perceber essas combinações. Combinações essas que pode ter ou ser percebidas por outras pessoas do outro lado do mundo e podem formar até outro idioma, que  não o JJ Brasileiro, mas outra "luta agarrada". 

 

Ao fim do meu seminário, um aluno veio comentar que não sabia que eu tinha aquele conhecimento de Wrestling. Eu ri sem entender e disse que o meu conhecimento nessa área era limitado, ele ficou surpreso e disse que as técnicas que eu havia mostrado tinha muitos detalhes da luta e me mostrou formas de derrubar o adversário usando os mesmos controles. Fiquei maravilhado!

Idiomas diferentes ( modalidades) formados pelas mesmas letras  (técnicas), tendo suas combinações ou criações feitas de acordo com suas necessidades, influências culturais e regras. 

 

Procure aprender as palavras, as frases, os idiomas e não apenas as letras. Se cerque de pessoas com vocabulário vasto, entenda a combinação e certamente sua evolução será grande.

 

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Posted by Felipe Costa Jul 03, 2017 Categories: BJJ Felipe Costa Jiu Jitsu Motivational

O desejo não morre - Jiu Jitsu 

O desejo não morre. 

- Ja parou para pensar que o desejo, mesmo com a idade , não acaba?

- Não?

- Claro que não! O corpo envelhece , as reações mudam, aceitamos ou nos acostumamos com as impossibilidades, mas o desejo continua, às vezes reprimido, mas está ali vivo, tão vivo quanto na juventude. 

- Assustador. 

 

Faz sentido e é até óbvio , mas nunca havia parado para pensar naquilo antes de escutar da boca daquele senhor. Um senhor distinto, nos seus setenta e poucos anos (ou seria mais?). Na verdade talvez menos. É tão difícil ser preciso ao supor a idade de alguém de uma geração diferente. 

Ele não parecia ser daqueles velhos "babões ", mas estava se referindo a desejo sexual e com sua afirmação faria meninas franzirem a testa já o julgando como tarado. 

 

Aquela informação boba, dita num papo furado voltou a minha mente tempos depois, sem uma razão específica de ser, mas ficou ali ecoando "o desejo não envelhece". 

 

É muito difícil explicar como o Jiu-Jitsu vira parte do dia a dia para alguém que não treinou por ao menos um tempo. Para tudo que faço e penso na minha vida, os princípios do jiu-Jitsu estão presentes, seja pensando na maneira mais eficiente de pegar meu filho no colo gastando menos energia, escolhendo um caminho mais curto para determinado lugar, organizando tarefas ou escolhendo a melhor maneira de ficar em pé e segurar no pegador de um ônibus em movimento. Não sei o quão difícil é fazer quem lê entender isso, mas os princípios dessa arte marcial se entranham nos nossos movimentos, no nosso pensamento, na alma e não tem mais volta, entra e fica. 

 

Além de todos esses fatores, brevemente descritos em um parágrafo pequeno demais para dar ideia do que se trata, em algumas pessoas vem com o conhecimento do Jiu-Jitsu um bônus que é o desejo de se desafiar. 

 

Estou chegando a conclusão que esse desejo não morre e essa ideia é assustadora. Como aceitar que, assim como na sexualidade, o corpo em algum momento não vai responder da mesma forma que na juventude. Como tirar da cabeça aquele desejo de um último grande desafio? Aquele sonho que toda experiência pode, de algum modo, compensar o tempo e as contusões e se impor ao vigor físico de adversários que estão chegando?

 

Fica a reflexão e talvez estar consciente desse fato, possa ajudar a aceitar a já batida máxima de que "se não tem solução, solucionado está. "

Felipe Costa Campeao Mundial

*Escrito por Felipe Costa, Campeao Mundial na faixa preta, que também conquistou ouro em TODOS principais campeonatos da IBJJF. 

Felipe lidera a academia Brazilian Black Belt em Ipanema - Rio de Janeiro, onde é responsável pelas aulas de Jiu-jitsu.

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Posted by Felipe Costa Feb 03, 2017 Categories: BJJ Felipe Costa Jiu Jitsu