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A banalização do doping no Jiu-Jitsu e as maiores falácias em defesa do uso. 

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A banalização do doping no Jiu-Jitsu e as maiores falácias em defesa do uso.

Ao contrário do quer fazer acreditar, a maior vantagem de quem usa esses recursos não é a força em si na hora da luta, que deve ser bem vinda, mas a capacidade de se recuperar mais rápido de treinos extenuantes e lesões. Se fosse apenas o benefício da força em si, algum incauto pudesse aceitar o argumento de alguns de que “Jiu-Jitsu não é força, então coloca lá um halterofilista para ver se ele ganha”, mas esse é um argumento de quem pensa na bomba apenas como aquela coisa que deixa a pessoa inchada e musculosa, quando na realidade os maiores benefícios são outros. No ciclismo, por exemplo, não há nenhum atleta com grande massa muscular, portanto são notórios vários casos de atletas pegos no doping, mesmo com o rígido controle. Dentro de tudo que já escutei e li a respeito, afirmo novamente que o maior benefício é a possibilidade de recuperação muito mais rápida entre um treino e outro e das lesões. Enquanto um atleta chega no fim da semana esgotado e precisando do descanso, o outro está apto a continuar treinando sem se sentir esgotado. Torna-se então uma questão de lógica: entre atletas de níveis similares, se um pode treinar mais que o outro, quem treina mais, leva vantagem. 

É sabido que desde sempre há pessoas fazendo uso de drogas para melhorar o desempenho nos treinos e campeonatos, mas quem usava ou usa, não costuma admitir fora de sua roda de amigos. Para mim, essa é a maior prova de que quem toma sabe que está trapaceando. Essa pessoa tem vergonha de assumir publicamente o uso, pois ela secretamente se questiona se seria capaz das mesmas conquistas se estivesse limpo. Não quer, portanto, que o público levante a dúvida de sua capacidade de atingir os mesmos logros pois, dentro de si, ela mesmo apostaria que não. 

“O uso de anabolizantes não torna a pessoa boa no Jiu-Jitsu.” Esse é um argumento comum de quem defende quem é pego no exame anti-doping, mas novamente parte de uma premissa errada, de que o objetivo do uso é apenas o ganho de força. A droga em si não faz ninguém ser bom de Jiu-Jitsu e nem mesmo se tornar bom nas estratégias que envolvem uma competição. Se eu pegar uma senhorinha andando no calçadão de Copacabana e der bomba para ela, ela não vai entrar e vencer nenhum campeonato. Mas pensa no seu companheiro de academia que faz o treino mais duro contigo, aquele treino equilibrado, que você vence em um dia e ele te dá o troco no outro. Vocês estão sempre se puxando e estimulando a melhorar. Pensou em alguém? Agora dá bomba para esse cara. Ele terá vantagem ou não? A resposta é sim e acaba com argumento inicial, que é um raciocínio que pensa só no ganho da força, logo é usado na circunstância errada e sendo assim leva a conclusões erradas. Diante desse exemplo, posso ainda contra argumentar que sim, o uso de anabolizante pode tornar a pessoa boa no Jiu-Jitsu, pois possibilita que treine mais vezes, trazendo uma evolução técnica mais rápida, se considerarmos que no treino que se evolui. 

Usando ainda o mesmo exemplo com seu companheiro de treino que agora passou a se dopar. Imagina que antes vocês faziam 5 treinos na semana e agora ele pode fazer o dobro, pois não demora tanto quanto você para descansar ou recuperar de uma lesão. No fim de 12 meses você treinou 260 vezes e ele treinou 520. Se no ano seguinte você se mantiver limpo e ele não, ele terá acumulado 1040 treinos e você 520. É como se ele avançasse dois anos por cada ano de treino que você desse. Imagina o quanto mais evolui na técnica do Jiu-Jitsu alguém que inicialmente tem nível semelhante ao seu, mas consegue treinar o dobro? Portanto eu poderia até afirmar que o uso de anabolizante pode deixar sim uma pessoa boa no Jiu-Jitsu. Assaltar um banco também pode tornar uma pessoa rica, mas eu não quero enriquecer assim. Vai de como você quer atingir seus sonhos e metas.

Posso imaginar algumas pessoas argumentarem que “então eu tomo também”. Entendi, mas aí seria você e ele obtendo vantagem indevida sobre outros dois amigos ou adversários de outra academia. Qual o problema? O problema disso é que é ilegal, é proibido, portanto quem faz e entra em um campeonato como da IBJJF que proíbe nas regras, está trapaceando.

Um exemplo mais simples e direto. Se fosse possível um confronto entre você e sua versão idêntica, mas que faz uso desses anabolizantes. Quem leva vantagem? Quem se pergunta sabe a resposta e sabendo ela, impossível sustentar uma defesa do uso, a menos que desconsidere a ilegalidade nas regras e os riscos para saúde. 

“Não usa quem não quer.” Ao ler sobre as vantagens indevidas dos que tomam, sem listarmos os riscos para saúde, pode até parecer apologia. Se melhora na recuperação do cansaço e lesões, será que devo tomar? Vamos ignorar que é contra a regra por um momento, pois sei que há campeonatos que não testam e alguém pode argumentar que nesses campeonatos não é ilegal. Ainda assim há perigos para saúde que algumas pessoas não estão dispostas a se arriscar. 

“Se for testar todo mundo, não sobra ninguém limpo.” Essa frase se tornou um clichê no esporte, assim como a ideia de que “só é possível ser campeão tomando, pois todos tomam”. Frases que também partem de premissas erradas, primeiro por não ser verdade que todo mundo toma, apesar de muitos dos que estão no topo o fazerem. O que é preciso lembrar é que há os que preferem respeitar as regras e não se dopam, mesmo que tenham se tornado minoria. Essas pessoas podem estar sendo eliminadas nos rounds iniciais ou até mesmo nas fases classificatórias. Os injustiçados são pessoas muito mais próximas da sua e da minha realidade do que da realidade criada em laboratório do falsos campeões. Quando você decide admirar alguém que faz uso desses subterfúgios , está escolhendo como exemplo alguém que ganha trapaceando. Volto a dar o exemplo da pessoa com sucesso financeiro, pois é fácil entender, admiro quem conquista a independência financeira através do trabalho honesto, mesmo que sua riqueza seja menor do que aquela pessoa que conquistou maior quantidade, porém de forma desonesta. 

“Tive que usar para me equiparar aos outros” Se você entende que o uso é ilegal, que ao usar seu adversário esta trapaceando, você quer fazer o mesmo que ele? Entendo que você possa se sentir injustiçado, mas sua resposta para isso é se tornar igual? Se essa é a sua justificativa, eu não acho que você pensa diferente de quem usa.

“Tem que levar em consideração que sou mais velho e lutando contra as novas gerações” Mas a regra não muda de acordo com a idade. Existem categorias para cada idade, se você opta por se aventurar com os mais novos, isso não te dá o direito de se dopar. Ao menos em campeonatos que a regra proíbe. Seria como me inscrever em um campeonato de Jiu-Jitsu, ser punido ao nocautear meu adversário com um soco e me sentir injustiçado. NÃO, a regra é clara quanto a proibição de soco, assim como uso de doping. 

Se pela idade o atleta não tem mais condições de enfrentar os mais jovens, entre na categoria dos mais velhos ou se aposente das competições. Ordem natural. Além disso, o veterano que assume o uso, deixa no ar a dúvida se na verdade não faz uso desde novo. 

Se existem campeonatos que não testam, qual razão de não lutarem só esses? Ninguém é obrigado a lutar na única federação que testa, a IBJJF, ainda assim, todos querem, pois sabem que é o de maior prestígio. A estratégia não é segredo, fazem uso indiscriminado e buscam o título e reconhecimento pela IBJJF, se eventualmente forem pego no fraco teste, ainda assim, usufruem da notoriedade até a divulgação do exame. Dão mais seminários, fecham patrocínios e são convidados para lutar outros eventos pagos enquanto esperam passar o prazo da punição sem lutar a IBJJF. Quando termina, voltam a lutar e fazem tudo de novo. Já há atleta que foi pego mais de uma vez. Eles não se assustam, pois a punição não vale para outros eventos e a quantidade de gente que ainda consegue defender isso é assustadoramente crescente. 

“Mas é injusto só testarem o campeão” Essa frase é uma cortina de fumaça contra o real problema. Claro que o ideal é testar todo mundo e com testes mais eficientes, mas é financeiramente inviável por enquanto. Diante desse fato e de que isso costuma ser dito quando “cai” alguém, a frase se torna apenas uma distração. Melhor testar somente o campeão do que ninguém, assim como é melhor prender apenas um assaltante do que nenhum. Imagina alguém argumentar que é injusto prender apenas um assaltante pois é impossível prender todos? 

“Não há vantagem indevida, apenas faço reposição hormonal” me disse um atleta tentando me convencer. Tive curiosidade de entender melhor e fui aprendendo a respeito. De fato há alguns casos onde a reposição hormonal é necessária, são casos muito específicos ou para pessoas bem mais velhas, acima de 65 anos. Esse faixa preta que me disse isso, um campeão brasileiro na categoria adulto, não via absolutamente nada de errado em fazer reposição hormonal. Como era mais novo que eu, perguntei com que idade havia começado e sem nenhum pudor disse que aos dezoito anos, apenas em doses para ajustar os níveis recomendados. Ele estava convencido de que dessa forma tudo bem.

Descobri ser normal em atletas acima de trinta ou quarenta anos que começaram a fazer uso de testosterona muito jovem  precisarem de fato fazer reposição, pois o corpo para de produzir naturalmente. Não posso aceitar que esses casos sirvam de desculpas ou justificativa para normalizar o uso. 

“Já fui testado e não fui pego no doping” não é a mesma coisa que dizer com todas as palavras “Eu nunca fiz uso de substâncias proibidas, sou contra e quem faz está trapaceando”. Você já se perguntou por que não ouviu da boca de alguns grandes campeões o repúdio a quem é pego no doping? Vou dar uma dica, é pela mesma razão que certos políticos não comemoram a prisão de outros políticos corruptos. No fundo, estão apenas dando “Graças a Deus” por não terem sido eles a serem descobertos. 

Faça essas 3 perguntas para o seu ídolo no esporte:

  1. Você usa ou já usou alguma substância para melhorar o desempenho?
  2. Você considera que quem usa esta trapaceando?
  3. Na sua opinião, os atletas que já foram pego no exame anti-doping, deveriam ser proibidos de lutar todos os eventos de luta?

Se ele gaguejar nas respostas, pode suspeitar. A maioria não tem coragem de assumir, mas alguns, por outro lado, já estão deixando de ter vergonha e tentando normalizar o uso.

Em 2015, ouvi um penta campeão mundial na faixa preta, falando em uma mesa de jantar lotada para quem quisesse ouvir, portanto não devia ser segredo, a seguinte afirmação: “Do jeito que a IBJJF testa, apenas no dia e com teste de urina, só é pego no doping quem é muito burro. Basta fazer uso com acompanhamento de um bom médico que saiba a hora de parar e assim a substância sai do corpo antes do dia do teste, sem atrapalhar os benefícios durante os treinos”. 

Treinei com várias equipes, convivi com vários atletas. Já ouvi confissão do uso da própria boca ou mesmo de seus companheiros de treino. Não falo por querer apontar alguém específico, e nem preciso, quem é do meio já sabe, mas  vejo o problema como sendo maior do que acusar um indivíduo, falo apenas por ver que estão querendo normalizar algo que não pode ser aceito no Jiu-Jitsu. O uso se tornou banal e isso me assusta, mas não tanto como perceber que a defesa do uso tem sido ampla e aberta, não apenas pelos atletas, como por praticantes que fazem por hobby. Perderam a vergonha de defender o doping e buscar justificativas para tal. Mesmo entre alunos que não são atletas profissionais, que as vezes nem competem ou somente o fazem esporadicamente, estão fazendo uso indiscriminado.  Considero esse um caminho perigoso. 

É possível vencer de forma limpa. Falo não apenas baseado em minhas conquistas, mas também de outros campeões que vi chegarem ao topo. Pense qual escolha combina com você e pense que, para quem usa, deve ser horrível chegar em casa, olhar para o quadro de medalhas e ter dúvida se seria capaz de conquistá-las limpo. 

 

Escrito por Felipe Costa 

SOBRE O AUTOR: Felipe Costa foi um competidor profissional de jiu-jitsu e uma das principais figuras de sua geração no peso galo, tendo conquistado títulos mundiais nas 3 (três) principais federações do esporte (IBJJF, UAEJJF e CBJJO). Costa se tornou conhecido por alcançar o auge do esporte como faixa-preta sem ter tido  sucesso no mais alto nível durante sua carreira anterior de faixa-preta. O sucesso que alcançou no circuito profissional foi mantido ao longo de sua carreira e durou 15 anos, nos quais Costa se manteve consistentemente entre os três melhores da divisão. (descrição do site BJJ Heroes). 

 

 

 

 

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Brazilian Jiu-Jitsu is a language  

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In 2003, after becoming a Black Belt World Champion, I was invited to spend 3 months teaching in the EUA. I decided to go because of the experience, the chance to travel and to be able to dust off my English. I had not professional expectations whatsoever.

I came back from that trip wanting to make a living from Jiu Jitsu, but always keeping a realistic outlook of things. When weighing off the pros and cons, I deduced I could profit from teaching Jiu Jitsu around the world for a maximum of 10 years  (that is the average time it takes a person to get their black belt). After that time, I knew I would have to have to choose another life path.

felipe costa jiu jitsu ohio

 

Today, I realize it’s been over a decade since I came to that conclusion (GULP! – swallowing hard)

So, why would a country I helped train several graduates, whom now have their own academies and teach me so much every time I visit, still invite me over if not for the friendship built throughout the years?

I would dare to assume, without sounding pretentious, that I still get called to teach seminars not because of my Jiu Jitsu techniques – those are hardly a secret now, but because of the way I understand and apply the techniques. It’s the different combinations and the way I can fraction the sequences that up to this day raise  an  interest.

 

If grappling techniques were letters (each of those letters representing a movement or a grip), after teaching the alphabet, I would be left with nothing else to teach. 

What I teach is a language, the Brazilian JJ language. What I teach are not just letters, but a combination to create words, and the way I do that is by spelling them so that everyone can understand.

That is why a teacher can never lose his motivation to spar. Because Sparring is the moment every instruct has to apply those learnt words; to create new phrases under different circumstances, physical limitations (injuries, age, etc.),fighting style of the “opponent”, rules (no time, with points, fight until someone is submitted, etc.)

 

After a 5-month recovery period from my surgery, I went back to training with a lot of physical and mental limitations from undergoing a complex medical procedure and, consequently, the lack of stamina. Needless to say the negative impact a long term recovery can have on someone’s motivation to the point of having to exercise a control on one’s ego. 

Combinations would not come into my mind immediately, but with several adjustments and time, I was certainly getting there. At present, I am not 100% recuperated, but I am better. I can manage to combine more efficiently, due to having less “pain” as a limiting factor. 

My last seminar was based entirely on those new “phrases” I had to create to dribble with my limitations at that time. 

Can I say I invented/created something new? I am not sure, I don’t think so. My virtue may be reflected on my creativity trait and  the way I can perceive combinations. Same combinations that may be perceived by others across the world to create a whole new “grappling” language other than Brazilian JJ. 

At the end of my last seminar, a student came to me and said he was not aware of my wrestling knowledge. I laughed in disbelief replying that my expertise in that area was limited. He was surprised of my answer because he saw my grips were highly rich on wrestling details. Further, he showed me some  takedowns using the very same grips I had previously taught. I was marveled! 

Different languages (modality) may be created by the same letters (techniques), with diverse combinations in accordance to each particular need, cultural influence, and rules. 

Seek to learn the words, the phrases, the languages, and not just the letters. Surround yourself with people who holds a vast vocabulary, understands the combinations, and most certainly, your evolution will be grand.

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Posted by Felipe Costa Jul 03, 2017 Categories: Felipe Costa Gracie Jiu Jitsu Motivational

Felipe Costa Sitting Guard Technique 3 

bjj

펠리페 코스타(Felipe Costa)는 현재 38세로 만 12세부터 현재까지 26년째 주짓수를 수련하고 있습니다. -58kg 경량급 월드챔피언인 코스타의 첫 입상은 놀랍게도, 블랙벨트 승급 2년 후. 코스타는 타고난 운동신경도 없었고, 입상에도 매번 실패했지만 주짓수 수련 과정 자체를 즐겼다고 합니다 :)

인터뷰 발췌- “전 챔피언이 아닐 때도 챔피언의 마음가짐으로 불평 불만없이 꾸준히 수련했으며 탭을 당하거나 받아냈을 때에도 화를 내거나 기뻐하지 않았습니다. 기술은 항상 공유했고, 트레이닝 파트너들에게 자주 질문을 던졌습니다"

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Posted by Felipe Costa Dec 15, 2016 Categories: BJJ Felipe Costa Gracie Jiu Jitsu