Primeiro campeonato dos DEFICIENTES VISUAIS
No dia 2 deste mês de Dezembro, colocamos 10 crianças para competir um campeonato aberto de Jiu-jitsu.
Ao contrario do Judô e outros esportes, no Jiu-jitsu não existem competições especificas para deficientes, portanto os que resolvem lutar têm que fazê-lo com atletas sem deficiências.
Nossos alunos tinham idade entre 12 e 20 anos. Dos 10, metade era 100% cega e a outra metade apresentava alguma deficiência, variando de 20% ate 80% .
Eu sabia que seria emocionante essa empreitada, mas nunca poderia imaginar que receberíamos tanta ajuda das pessoas envolvidas no campeonato. Desde a parte organizacional, passando por alguns patrocinadores, atletas presentes e do publico que aplaudiu e incentivou os alunos.
Só para exemplificar, a organização do evento ofereceu bolsa integral aos alunos que alem disso receberam camisa do campeonato. Outro nobre gesto foi de um atleta faixa preta que fez uma luta especial e doou metade da bolsa ganha para a festa de Natal das crianças. Os atletas deram palavras de apoio e todos aceitaram começar as disputas já segurando o kimono dos nossos atletas do Instituto Benjamim Constant. (única adaptação feita no inicio da luta, absolutamente todo resto da regra foi igual)
É claro que Michelle Matta, João Marcelo, Marreca, Matheus, Renata, eu e os outros voluntários que ensinamos o jiu-jitsu paras as crianças ficamos felizes com o fato de dois alunos terem sido campeões lutando contra "videntes" (como eles mesmo costumam nos definir).
Não há duvidas que ficamos radiantes de ver outros dois receberem a prata e outro conquistar o bronze.
Também não nos deixou menos orgulhosos, ver nos que não conseguiram uma melhor colocação, o sorriso e a satisfação estampada no rosto por terem tentado o maximo que podiam e constatar que tem condições de disputar de igual para igual.
Mas, o que realmente nos emocionou foi a certeza que neste Domingo 10 jovens tiveram uma experiência única, que 10 jovens irão, a partir dessa experiência, se tornar mais preparados para a vida. Que o fato de terem superado os altíssimos níveis de adrenalina e estresse pré-competicao (que segundo um grande amigo, 80% da população mundial não sente durante a vida toda nem metade dessa adrenalina que um lutador sente antes da competição) fara com que também consigam superar com mais facilidade os outros desafios que a vida já lhe impõem.
Foi um Domingo onde essas crianças receberam mais atenção dos familiares que vieram de longe só para apoiá-las.
E o mais importante de tudo, foi um Domingo onde eles foram tratados de igual para igual e viram que a vida é difícil sim, mas todo esforço será recompensado!
Fica aqui o nosso sincero agradecimento por todas as lições que essas crianças estão nos passando a cada contato.
Graças a Deus essa oportunidade surgiu e esse é apenas o começo. Como uma equipe que somos, iremos ate onde sonharmos!
Obrigado a todos, Felipe Costa (em nome de todos os professores e auxiliares do IBC)