http://www.tatame.com.br/2012/03/30/JJ--Comprido-luta-seu-ultimo-Mundial-em-2012
Reportagem Erik Engelhart, direto da Califórnia
Bicampeão mundial absoluto, Rodrigo Comprido lutará o Pan-Americano entre os másters, e pendurará o quimono do Mundial deste ano. O anúncio foi feito em entrevista à TATAME, nos bastidores do Pan 2012.
“Meu objetivo esse ano é fazer a minha última participação no Mundial”, disse. “Não vou mentir pra você e dizer que sinto a mesma coisa que sentia no meu primeiro Mundial porque não vai ser verdade. Mesmo me aposentando depois do Mundial, não vou parar de competir. Eu só quero tirar da minha frente esse negócio de competição”.
Confira abaixo o bate-papo com a lenda, que falou sobre os desafios de lutar no máster e o combate às drogas e doping na arte suave.
Vai competir de máster no Pan?
Vou. Nos últimos dois Mundiais eu tive compromisso. O Brock (Lesnar) estava lutando, tinham uns caras lutando MMA, e acabou que não pude treinar. Tenho lutado alguns campeonatos. O meu objetivo esse ano é fazer a minha última participação no Mundial.
Mas você vai chegar a competir esse ano?
Vou lutar o Mundial, mas acho que vai ser o último.
Como mantém essa vontade?
Eu realmente me divirto quando estou competindo. Não vou mentir pra você e dizer que sinto a mesma coisa que sentia no meu primeiro Mundial porque não vai ser verdade. O sentimento é outro, mas é uma coisa que gosto de fazer. Mesmo me aposentando depois do Mundial, não vou parar de competir. Eu só quero tirar da minha frente esse negócio de competição.
O máster tem um charme extra. Como vê essa competição?
Você vai ficando mais velho e vai tendo mais responsabilidade. A gente já tem filho, academia, um monte de aluno... Tem que correr atrás de dinheiro de uma forma diferente. Quando eu tinha 25 anos, eu trabalhava, dava aula, mas morava com a minha mãe, não tinha responsabilidade, não tinha conta pra pagar no final do mês. Eu tinha conta do meu celular, pagava a gasolina do carro. Hoje em dia as coisas são diferentes, então você não tem tanto tempo. Essa galera, essas estrelas querem continuar competindo, mas fica difícil treinar o suficiente pra lutar com a garotada dez minutos, que é um tempo longo. Mas, no final das contas, quando você vai pro máster, tem mais gente lutando máster do que no adulto. Quem luta esse negócio não entra pra brincar. Todo mundo entra com a visão de ganhar, mas é um pouco mais relaxado do que o que era.
Até porque você já tem uma história no esporte...
É. Mas isso gera um pouquinho de pressão também. As pessoas ficam querendo saber se você está lutando ou não está. “Pô, eu não te vejo há um tempão” ou “te vi lutando semana passada. Vamos lá. Você vai ganhar de todo mundo”. Não é assim. A categoria máster não é molezinha, tem um monte de cara muito bom nas categorias e você tem que estar minimamente preparado pra poder enfrentar.
Vai em busca do peso e absoluto?
Não sei. Vou ver como vai ficar amanhã. Não estou no auge da minha forma, mas tenho treinado. Sinto que hoje sou melhor tecnicamente do que era nos anos que fui campeão absoluto, mas não era só isso. Até o mental é diferente. O mental de quando você é novo é aquele negócio de não desistir, querer ir. Quando você está mais velho, não tem esse desespero de querer lutar. Você fica mais esperto. Vou gastar tanto nessa posição aqui? Essa posição não é tão boa para mim. De repente vou dar essa pro cara, esperar outra oportunidade onde eu tenha mais espaço. Até mentalmente muda o jogo.
O que a gente pode esperar de você na competição?
Vou fazer o melhor que posso pra vencer. Espero poder trazer alguma atenção para os assuntos que eu venho levantando há algum tempo, que são o combate ao uso de esteroides, o combate ao uso de drogas. Tem muito conceito errado sobre o uso de esteroide no nosso meio. O uso de droga então... ‘Nego’ sabe que são uns palhaços que ficam falando isso pra aparecer, pra agradar determinado grupo da sociedade que gosta de usar isso. Mas, se eu puder atrais algum tipo de atenção para esse tipo de coisa, se puder ajudar de alguma forma a melhor as regras do nosso esporte, melhorar a forma com que o esporte se desenvolve... Hoje em dia, acho que são muitas lutas para faixas menos graduadas. A categoria de faixa azul tem quase 400 atletas. Eu acho que a Confederação tem que pensar, usar esses campeonatos locais – Chicago Open, Houston Open – como seletiva, e eventualmente até ter uma seletiva no dia anterior ao Campeonato Pan Americano, mas tem que ter alguma classificatória, porque é desumano.
Fique ligado na TATAME para saber tudo sobre o Pan-Americano 2012 direto da Califórnia, nos Estados Unidos.